Introdução


Uma das responsabilidades do pesquisador é divulgar os resultados das pesquisas por ele desenvolvidas para que a comunidade científica e a sociedade possam se beneficiar do conhecimento construído. Este benefício não se expressa apenas na utilização, mas principalmente na multiplicação e verticalização do conhecimento.


O processo de pesquisa exige disciplina em seu planejamento e desenvolvimento, como nos ensina Coutinho e Cunha (2004: 39, 40) “implica um processo disciplinado de ações com vistas à construção de um conhecimento novo ou à revisão de algum conhecimento já constituído em alguma área específica." Semelhantemente, há rigor na forma de se divulgar os resultados da pesquisa seja na forma de relatório, dissertação, tese, monografia ou artigo.


E é exatamente do formato de artigo que este manual trata. Conforme Silva (2002), a pesquisa científica varia em relação à época, área e formação do pesquisador. Assim também, a publicação dos resultados pode variar sem perder de vista elementos básicos que devem compor o artigo. Ainda de acordo com este autor, é imprescindível estar atento às orientações de cada veículo de comunicação científica, seja periódico ou evento científico em que o artigo será publicado.




1.1 O que é um artigo científico?


O artigo científico é a expressão dos resultados de uma pesquisa ou estudo, organizado em texto escrito. A estrutura do texto atende especificamente ao parâmetro da objetividade na apresentação das informações, visando a divulgação do conhecimento científico à comunidade científica. O artigo científico deve ter equilíbrio entre os elementos que o compõem, demonstrando a legitimidade do conhecimento construído e possibilitando sua apropriação.


O artigo científico pode ser:


(a) original ou divulgação: apresenta temas ou abordagens originais e podem ser: relatos de caso, comunicação ou notas prévias;


(b) revisão: os artigos de revisão analisam e discutem trabalhos já publicados, revisões bibliográficas etc.




1.1.1 Momento recomendável para escrita


Há uma recomendação, expressa por Silva (2002) no sentido de que o texto do artigo deve ser elaborado durante o desenvolvimento da pesquisa para que nenhum dado importante se perca e, além disso, que não se perca a validade (devido a alterações nos indicadores, por exemplo).


Uma importante orientação é a submissão do artigo a diferentes leitores antes de sua submissão à banca avaliadora do periódico ou evento, de acordo com Silva (2002). Portanto, para que um artigo seja publicado pelo grupo AVACEFET-MG, os autores deverão submetê-lo às seguintes etapas:


ARTIGO CIENTÍFICO

Elementos Pré Textuais
Elementos Textuais
Elementos Pós Textuais
  • » Cabeçalho - Título: subtítulo (se houver)
  • » Autor(es)
  • » Credenciais dos autores
  • » Resumo na língua do texto
  • » Palavras-chave na língua do texto
  • » Texto (Introdução)
  • » Desenvolvimento
  • » Conclusão
  • » Título e subtítulo (se houver) em língua estrangeira;
  • » Resumo em língua estrangeira
  • » Palavras-chave em língua estrangeira
  • » Notas explicativas (opcional)
  • » Referências
  • » Glossário (opcional)
  • » Apêndice e anexos (opcional)
  • » Agradecimentos (opcional)

Quadro 1 - Manual de Normas Técnicas Newton Paiva



1º) Avaliação por 3 participantes do grupo em relação aos critérios:

Critérios

Forma

Conteúdo

Relevância

Linguagem

Peso

2

2

1

1



2º) Avaliação e parecer positivo por um dos professores doutores integrantes do grupo.


2. Estrutura do artigo científico: Forma


A estrutura do artigo científico é a mesma dos demais trabalhos científicos: pré-textual, textual e pós-textual.


(a) Elementos pré-textuais: título deve estar estritamente relacionado ao conteúdo e permitir ao leitor ter uma ideia geral sobre o que se refere o texto, e subtítulo (se houver) devem figurar na página de abertura do artigo, na língua do texto; autoria na forma direta, acompanhada da instituição a que pertence(m) , endereço da instituição, deve-se geralmente colocar também o endereço de email e o endereço do lattes e ou um breve currículo que o qualifique na área do artigo; resumo na língua do texto não ultrapassando 250 palavras destacando objetivos, métodos e conclusões, não deve conter citações, deve-se usar o verbo na voz ativa ou passiva e na terceira pessoa do singular “ativa” (ABNT. NBR-6028, 2003, p. 2); palavras-chave na língua do texto devem figurar abaixo do resumo, antecedidas da expressão: Palavras-chave1 separadas entre si por ponto, conforme a NBR 6028, 2003, p. 2. Geralmente são de 3 a 5 palavras chaves que definem a abrangência do tema do texto tratado. Em alguns casos, também é preciso a versão em inglês (keywords) ou espanhol. Normalmente são utilizadas para permitir que o artigo seja posteriormente localizado em sistemas de pesquisa como, por exemplo, a web. Outro componente pré-textual é o Abstract que corresponde ao resumo do artigo em uma língua diferente daquela escrita pelo autor, no caso das produções brasileiras geralmente o Abstract é escrito na Língua Inglesa, Espanhol ou de acordo com as exigências do periódico no qual se pleiteia a publicação do artigo.


(b) Elementos textuais: introdução; desenvolvimento (parte principal e mais extensa do trabalho, deve apresentar a fundamentação teórica , a metodologia, os resultados e a discussão; conclusões que devem responder às questões da pesquisa, correspondentes aos objetivos e hipóteses. Para artigos de revisão deve-se excluir material, método e resultados.


(c) Elementos Pós-Textuais: título e subtítulo (se houver) em língua estrangeira; resumo em língua estrangeira; palavras-chave em língua estrangeira; notas explicativas, numeradas em algarismos arábicos, devendo ser única e consecutiva; referências; f) glossário (elemento opcional elaborado em ordem alfabética); g) apêndices (elemento opcional elaborado pelo autor a fim de complementar o texto principal); anexos (elemento opcional que serve de fundamentação, comprovação e ilustração); agradecimentos e a data de entrega dos originais para publicação.


Como já comentado anteriormente, a forma do artigo deve obedecer às orientações de cada veículo que irá publicá-lo. Entretanto, para organizar e orientar a elaboração dentro do grupo, de pesquisa, este manual foi escrito e está em vigor. Sob o ponto de vista da forma, o artigo possui a seguinte estrutura:


  • a. Título
  • b. Autor (es)
  • c. Resumo
  • d. Palavras-chave
  • e. Introdução
  • f. Revisão Bibliográfica
  • g. Metodologia
  • h. Resultados e Análise dos Resultados
  • i. Conclusão
  • j. Referências


Cada uma destas seções deve ser construída observando-se as seguintes orientações:


a. Título: Deve expressar com a máxima precisão, o tema que será apresentado. Evitar títulos extensos e uso de abreviações e acrônimos , deve-se descrever, de forma lógica, rigorosa, breve e gramaticalmente correta, a essência do artigo. Segundo Silva (2002: 25), o título “é o menor número de palavras que descreve adequadamente o conteúdo do artigo”. Ele deve delimitar o campo de estudo para que, ao lê-lo, os interessados não tenham dúvida sobre o que trata o artigo. Pode-se optar por títulos com duas partes conforme o exemplo:


Exemplo:


UMA EXPERIÊNCIA COM SOFTWARE EDUCATIVO NA ESCOLA: A TECNOLOGIA E A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM DISCUSSÃO

b. Autor(es): A lista de autores obedece à ordem decrescente de participação no trabalho. Inserir o(s) nome(s) após o título, com alinhamento à esquerda, acompanhado(s) das seguintes informações: Inserir também a instituição à qual está ligado, cidade, estado, país e endereço eletrônico para contato endereço do lattes e/ou o resumo do lattes.


Exemplo:


Flávia Lamounier Gontijo¹
José Wilson da Costa²
Pós Graduação Strictu Sensu CEFET-MG - Mestrado em Educação Tecnológica,
CEFET- MG - Curso de Mestrado em Educação Tecnológica
Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil
Contato: avacefet@googlegroups.com

No pé de página:
¹ Aluna do mestrado em Educação Tecnológica.
² Professor doutor do departamento de Pós-Graduação – CEFETMG

c. Resumo: É uma seção importantíssima. É através dela que as pessoas saberão se este artigo atende aos seus interesses de estudo ou não. Assim, o resumo deve apresentar do que trata o artigo com equilíbrio, contendo todos os elementos para entender os objetivos do trabalho e as metas alcançadas. É aconselhável falar dos resultados de forma geral para que o leitor não fique desestimulado para a leitura.


O resumo deve ser escrito em um único parágrafo, em uma sequência de frases lógicas, sem enumeração de tópico. A primeira frase deve explicar o tema, dando-se preferência ao uso da terceira pessoa do singular e do verbo na voz ativa ou passiva. Mesmo que tenha sido escrito por vários autores, a primeira pessoa do plural (nós) deve ser evitada. Deve-se, ainda, evitar o uso de frases negativas, símbolos, equações, tabelas ou quadros no resumo. Quanto à extensão do resumo, geralmente, é estipulado pelo periódico. Aconselha-se que o resumo tenha por volta de 10 linhas (considerando a utilização de toda a largura da página). O resumo não é uma introdução ao artigo, mas sim uma descrição sumária da sua totalidade, no qual se procura realçar os aspectos mencionados. Deve ser discursivo e não apenas uma lista dos tópicos que o artigo cobre. O Abstract é o resumo traduzido para o inglês, sendo que alguns periódicos aceitam a tradução em outra língua.


Exemplo:


Este artigo pretende colaborar com a discussão sobre o uso de tecnologia nas práticas de ensino a partir do relato de uma experiência com software educativo em escolas públicas de São Paulo durante os anos de 2006 e 2007. Além de relatar a experiência, espera-se que as questões levantadas no trabalho possam incitar investigações não somente sobre as aprendizagens dos alunos em ambientes que utilizam tecnologia na sala de aula, mas, também, pesquisas sobre as implicações didáticas que essas práticas possam causar.


d. Palavras-chave: As palavras chaves são importantes para que o artigo seja encontrado com facilidade pelos interessados por aquele tema. Aconselha-se a utilização de três a cinco palavras, que representem o artigo de forma geral. Deve-se escolher palavras chaves tão gerais e comuns quanto possível, para isso um bom critério é selecionar as palavras que seriam usadas para procurar um artigo semelhante ao seu.


Exemplo:

Software Educativo, Tecnologias, Práticas Pedagógicas, Sala de Aula, Escola.


e. Introdução: A introdução precisa ser bem elaborada para prender a atenção do leitor, seja ele leigo ou não, acerca do assunto que será abordado. Esta seção do artigo abrange a contextualização do tema e a apresentação dos objetivos da pesquisa. Costa, (2003) sugere que a introdução contenha o assunto a ser tratado, delimitando-o, justificando-o e por fim esclarecendo os objetivos da pesquisa e hipóteses, caso tenham. O texto deve ser conciso, porém completo. De acordo com Silva (2002), o propósito da introdução é preparar o leitor para a compreensão e avaliação do texto. Ele apresenta sete aspectos a serem observados para que a introdução seja bem elaborada:


  • » apresentar com clareza o problema e objetivos da investigação;
  • » situar o problema em contexto mais amplo, ressaltando sua importância;
  • » distinguir o trabalho de outros já realizados;
  • » caracterizar sua contribuição para o clareamento do tema;
  • » apresentar os conceitos principais (a revisão de literatura será feita no próximo tópico);
  • » estabelecer e justificar o método de investigação;

É nesta seção que o autor vai “definir termos e abreviaturas” (SILVA, 2002: 27).


Mesmo sendo a introdução um dos primeiros elementos a ser visualizado pelo leitor, Costa (2003) recomenda que deve ser um dos últimos a ser elaborado para não haver desacertos entre o que foi introduzido e desenvolvido.


Se pudéssemos estabelecer uma relação quantitativa para alcançar o equilíbrio na estrutura do artigo, poderíamos dizer que a introdução ocupa cerca de 20% do texto total.


Exemplo:

1. Introdução


O não tão novo debate sobre a tecnologia nas salas de aula representa um campo para análises, discussões e investigações. A relação entre tecnologia e práticas pedagógicas continua sendo tema de debates. Apesar de algumas falsas certezas, fruto de impressões e crenças pessoais, defende-se cada vez mais propostas de investigações nessa área para colaborar nas discussões e mais ainda para colaborar em projetos educacionais envolvendo a utilização de tecnologias.


Geralmente o debate gira em torno da questão se a tecnologia colabora ou não para a aprendizagem dos alunos, mais especificamente, se colabora para a melhora dos resultados escolares. Talvez essa perspectiva possa nos levar a encarar a questão sobre o sucesso escolar de maneira reducionista justificando o avanço ou o fracasso dos alunos no uso de tecnologias. Alguns autores defendem o uso da tecnologia em sala de aula e acreditam que além de colaborar nas aprendizagens é altamente motivador para os alunos (COSTA at al, 2001).


A questão que se propõe neste trabalho é discutir a utilização de tecnologias em sala de aula e as alterações nos contextos didáticos provocadas pelo seu uso. Não se pretende, portanto, discutir sobre os resultados escolares, apesar de reconhecer sua importância, mas as implicações didáticas que a adoção de tecnologia na prática pedagógica poderá trazer. O olhar para a situação didática se volta para a dinâmica no ambiente em sala de aula na tentativa de entender e refletir sobre os procedimentos pedagógicos tornando-os objetos de análise.


Para colaborar com essa discussão, pretende-se refletir sobre uma experiência desenvolvida pelo projeto Virtus Letramento – Matemática.


g. Metodologia: É a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, dos instrumentos utilizados (questionário, entrevista etc), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, ou seja, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. Os procedimentos metodológicos escolhidos devem ser consistentes em relação ao tipo de pesquisa realizada. Um trabalho científico é legítimo quando as pessoas que o estudam são capazes de refazer o caminho percorrido pelo pesquisador, caso seja necessário. A metodologia deve perfazer 10% do artigo, para se alcançar o equilíbrio do texto.


Exemplo:

Durante 2006 e 2007 o projeto Virtus Letramento – matemática foi desenvolvido em 13 escolas da rede Pública de São Paulo envolvendo professores, coordenadores e alunos. O projeto iniciou com a formação de professores e coordenadores para a utilização do software educativo, mas, mais que isso, preocupou-se com uma formação que respeitasse e seguisse os princípios pedagógicos e didáticos expressos no programa. Ou seja, a preocupação foi a de criar um ambiente para que os profissionais pudessem mais que compreender os fundamentos educativos, experimentassem um ambiente de aprendizagem pautado nas trocas de idéias, na colaboração e respeito à diversidade.


Entende-se que para esse trabalho é fundamental que o professor sinta–se seguro em relação às suas ações. Para isso, o projeto se ocupa, através de cursos de formação e acompanhamento das práticas pedagógicas, de propor discussões e reflexões sobre a prática docente apoiada em fundamentação teórica. Pretende-se, portanto, que os professores repensem suas ações e concepções nas situações didáticas propostas durante todo o percurso de utilização do software educativo.

(...)


Nessa perspectiva, a prática na sala de aula é analisada a partir da idéia de que no desenvolvimento do ensino devem ser consideradas as características dos alunos (nível psicológico), a escolha consciente dos conteúdos a serem ensinados, mais especificamente sobre o conhecimento que se tem a respeito dos conceitos envolvidos (nível epistemológico) e a forma como se dará a comunicação dos saberes (nível praxiológico) (JONNAERT, 2002).


Para pensar a utilização de SE na sala de aula propõe-se focar a análise nos planos conceituais, instrumentais e técnicos / práticos envolvidos na situação de ensino, vistas para além da perspectiva da didática específica explicitada anteriormente.


g. Resultados e análise de resultados: Os resultados devem ser apresentados, descritos e analisados com o apoio de tabelas e gráficos, caso facilitem o entendimento do leitor. Entretanto, a análise dos resultados deve buscar relacioná-los ao referencial teórico construído, portanto não apenas descreva os experimentos, mas também discuta os resultados. Faz-se prudente comparar os resultados do seu trabalho com outros encontrados na literatura ( e citados nos trabalhos relacionados). É preciso haver coesão desta análise com os autores citados. Esta seção deve abranger 30% do artigo.


Exemplo:

Em relação às atividades desenvolvidas: Observa-se, pela figura 01, que, segundo a avaliação dos docentes que participaram das formações, os encontros foram aceitos e aprovados.


Após experiências com a utilização do software com os alunos, professores relataram:


“(...) o importante é que o aluno percebe que pode fazer, que é capaz de fazer por si mesmo. Ele começa a descobrir as coisas, começa a ajudar o colega: ele sente que pode trocar idéias, que pode perguntar, que pode questionar. Por exemplo, se ele erra, ele não tem mais medo de chegar até o professor e dizer:


- Eu errei! Vamos refazer. Vamos rever.


- Como é que posso encontrar a resposta justa para isso?


Isso é sentir que é capaz! Ele percebe que o professor não vai criticá-lo por que errou.” Professora Maysa Carlos Monteiro – Escola Municipal de ensino fundamental (EMEF) Carlos Augusto.


“O sucesso depende muito do professor, da postura que tem diante não só dos conteúdos, como também da forma de aplicá-los. Outro fator importantíssimo é relação que ele estabelece com o aluno, não mais como portador único do conhecimento, mas como aquele que partilha e descobre caminhos junto com os alunos.” Professora Alda Martins da Silva – EMEF Dale Coutinho.


“Tive retorno de uma professora informando que a aluna Isabel progrediu bastante, entendendo que a aluna está mais solta, mais autônoma, mais decisiva, e eu acredito que essa melhoria foi proporcionada pelas alunas do PROJETO, em que questionamos, elaboramos e fixamos conceitos aprendidos, e esse é um aspecto positivo. A professora afirmou que a aluna teve um grande progresso, então estou muito satisfeita.” Professora Elizabete Ulgado – EMEF João Pinheiro.


Estes relatos são encontrados no artigo publicado pela formadora Rosa Bueno: “Há algo de novo nos laboratórios de informática”. Na auto-avaliação dos docentes a formação atingiu seus propósitos conforme apresentado na figura 02.


Ao verificar o resultado do trabalho com os alunos, observa-se, de forma preliminar, que os acertos na prova aplicada após a utilização do programa são melhores em relação à primeira em que os alunos acertaram mais entre 0 a 4 questões, figura 03.


h. Conclusão: É a fala do autor do artigo. Esclarecer se a hipótese levantada foi confirmada, o que pensa a respeito. Procure descrever se o trabalho efetuado no artigo conseguiu melhorar e qual a sua relevância, quais as vantagens e limitações das propostas que o artigo apresenta e ainda idéias de trabalhos futuro que possas melhorar o seu. É uma seção concisa, abarcando 10% do total do artigo. Não é indicado inserir comentários de outros autores ou citações. Ora, a conclusão é um fechamento do trabalho de pesquisa realizado, e não é indicado que, nesta seção, sejam incluídos dados novos, que já não tenham sido apresentados anteriormente.


Exemplo:

Os depoimentos e gráficos acima apontam para uma confluência entre o propósito do programa e as percepções de professores e de alunos. Contudo, não se deve pensar que o fato de se usar tecnologias nas práticas pedagógicas nos leva sempre a conclusões positivas. A experiência apresentada permite refletir sobre o quanto é necessário pensar em programas de software educativo ancorados em projetos de formação docente e acompanhamento da prática didática reconhecendo a complexidade nas relações existentes entre o sujeito que se deseja que aprenda, o professor que pretende ensinar, o conteúdo escolhido a ser ensinado, entre o computador e a tecnologia de software.


Por isso propõe-se que práticas pedagógicas que utilizam software educativo sejam objetos de pesquisa colaborando para projetos, que pretendem utilizar tecnologia na sala de aula, possam ser mais que boas intenções. Espera-se que investigações nesse sentido possam disseminar ilusões e crenças ingênuas de que o simples fato de colocar nas mãos dos alunos computadores e softwares educativos promova avanços pedagógicos. Espera-se que experiências como essa relatada estimulem investigações para que profissionais de escolas tenham referências que os ajudem a organizar seu ambiente e sua ação pedagógica de maneira mais consciente e eficaz. Assim pode-se pensar na utilização de software educativo como um instrumento didático que favoreça a aprendizagem dos alunos provocando uma forma diferente de organizar o ensino e toda a situação didática que é estabelecida nesse ambiente.


i. Referências: Utilizar as normas vigentes da ABNT.


Exemplo:

BARBOSA, M. V. F.C.; TENUTA, L. O projeto números em ação e o funcionamento do sistema didático. A vigência de um novo/velho contrato didático. Revista de Educação e Informática,São Paulo, n.19, p.17 -20, janeiro de 2006.


BRUNER, J. J. Educación: escenarios de futuro. Nuevas tecnologias y sociedad de la información. 2000.


Disponível em: Educar Chile.

Acesso em agosto de 2007.

Obs: No ato da escrita, o autor deverá utilizar a 3ª pessoa do singular. O texto deverá ser iniciado e terminado da mesma forma.




3. Estrutura do artigo científico: conteúdo


Conforme nos ensina Ivan Domingues, os fenômenos do campo das ciências sociais dependem de uma análise e representação científica mais abrangente. O conteúdo do artigo científico deverá “articular os métodos descritivo, explicativo e interpretativo” em sua composição. (DOMINGUES, 2004: 103).


A descrição é entendida como a resposta da pergunta: O quê? Envolve possibilidades, recortes, seleções e abstrações da realidade que podem se dar em processo de generalização ou afunilamento. Pode se dar em uma escala espacial, temporal ou espaço-temporal. Expõe informações contextuais, interacionais ou motivacionais. Ela expressa, tanto aspectos objetivos do comportamento dos sujeitos, quanto aspectos subjetivos. Existem diversas descrições para o mesmo fenômeno, cada qual tendo um significado diferente, “...em função das diferentes intenções, motivos e fins que a acompanham ou deflagraram.” (DOMINGUES, 2004: 109). A descrição então depende de análise explicativa e interpretativa, sem as quais não se alcança o sentido da ação. Com o auxílio da análise interpretativa, com o levantamento de hipóteses, o pesquisador-autor poderá realizar recortes, selecionar a base teórica e construir um texto científico coeso.


No texto do artigo cientifico, utilizaremos a descrição de forma mais intensa nos tópicos: resumo, metodologia e resultados (apresentação). A explicação tem o objetivo de organizar a base descritiva do texto, buscando responder à questão: Como? A tarefa aqui é analisar como os fenômenos se comportam, seja por sua origem, estrutura ou finalidade. Existe uma forma de explicação que se sobrepõe a todas as outras, a explicação causal. Esta se trata da inferência da razão, antes da experiência e se propõe a isolar os termos antecedentes e consequentes do fenômeno, a partir da relação causa e efeito. A busca é pela causa primordial, a causa de todas as outras. Esta se apresenta, no primeiro momento, como hipótese ou postulado da pesquisa. Trata-se aqui, do “modus operandi”, de como as coisas funcionam ou como se comportam os fenômenos. De acordo com Domingues (2004), a escolha da causa depende de contexto maior, que está atrelado a outro nível da análise, a interpretação que fará a compatibilização de descrição, explicação e da própria interpretação, como articuladora do texto.


No texto do artigo cientifico, utilizaremos a explicação de forma mais intensa nos tópicos: introdução, revisão bibliográfica e conclusão. A intepretação, também entendida como compreensão, é entendida como a busca de resposta para: Por quê? Para que? É o exercício de dar significação aos fatos, volta-se para o “modus significandi”, para o sentido dos fenômenos que é correlativo ao sujeito e sobre ele age no tempo e no espaço. Neste sentido, a interpretação parte do sujeito e volta-se para ele, com a instauração de novos sentidos e com o levantamento de novas perguntas. A interpretação está presa ao sujeito, conjunto de princípios e intenções, a seu tempo e espaço. Esse é seu referencial. Por isso, o “mesmo fato” pode ser descrito, explicado e interpretado de maneiras tão diversas. Por um lado, pode haver aproximações mais efetivas do objeto de estudo. Por outro, pode desbaratar o sujeito em sua busca pelo entendimento do fenômeno.


No texto do artigo cientifico, utilizaremos a interpretação em todos os tópicos, mas em especial: na análise dos resultados.




4. Estrutura do artigo científico: Linguagem


Quanto à linguagem, o artigo obedecerá à seguinte estrutura:


  • Impessoalidade: redigir o trabalho na 3ª pessoa do singular para tentar assegurar a neutralidade da pesquisa. Escreva de forma impessoal, formal e direta. A utilização de frases curtas favorece o entendimento do leitor.

  • Objetividade: a informação precisa ser apresentada de forma direta, sem textos introdutórios longos.

  • Argumentação: os dados devem ser apresentados de forma organizada, para que o leitor siga o raciocínio do autor. Sustentar a argumentação com base no referencial teórico elaborado

  • Vocabulário técnico: utilizar linguagem técnica quando necessário. A linguagem deve ser formal, entretanto, clara o bastante para que mesmo quem não é da área possa entender;

  • Correção gramatical e ortográfica: a correção ortográfica e gramatical confere legitimidade ao trabalho e seu autor. Elimine palavras desnecessárias, especialmente adjetivos.



5. Normas para apresentação do artigo:


Utilizar folha A4, margens 3,0 cm (superior) e 2,5 cm (inferior, esquerda e direita), espaçamento simples (1,0). Utilizar itálico em palavras ou expressões a serem enfatizadas e para palavras estrangeiras. Utilizar negrito apenas no título, subtítulos e nomes dos autores. Título na língua empregada no artigo (fonte Times New Roman, tamanho 16, negrito, centralizado).


Empregar as normas vigentes da ABNT para citações e referências.


5.1 Citações


Na elaboração de um artigo científico, é preciso saber citar os autores que, junto com o pesquisador, dão credibilidade ao seu pensamento. Existem dois tipos de citações:


  • » Direta: quando se transcreve tal qual, como consta no livro ou texto retirado;
  • » Indireta: quando se utiliza o pensamento lógico do autor, porém com as próprias palavras de quem o cita.

As citações diretas podem ser:


  • • Curtas, quando o conteúdo é de até três linhas. Inserem-se as aspas e a frase fica dentro do contexto do autor. Caso tenha supressões necessita por [...].


    Exemplo:

    Para Ricklefs (1996, p. 1) a “Ecologia é a ciência através da qual estudamos como os organismos (animais, plantas e microorganismos) interagem dentro do e no mundo natural”. Enquanto que para Burnie (2001, p. 8) “Ecologia é o estudo científico da vida em seu ambiente natural [...] fornecendo informações sobre como a destruição afeta os seres vivos e ajuda a descobrir como isso pode ser corrigido”.


  • • Longas, quando o conteúdo a ser transcrito passa de três linhas. Nesse caso, deve-se fazer um recuo de 4 cm, a partir da margem esquerda, fonte 9, justificado, com espaçamento simples e sem aspas, além de colocar, entre parênteses, o sobrenome do autor (em caixa alta), ano e página que o conteúdo foi extraído;


    Exemplo:

    Os seres vivos, como organismos biológicos e sociedades equipadas com determinadas bagagens culturais, possuem um comportamento e um instrumental para transformar o meio ambiente de forma qualitativamente diferente daquela usada pelo restante dos seres vivos (FOLADORI, 2001, p. 61).


  • » Citações de citações: Usa-se a expressão apud, que significa citado por. Isso é bastante utilizado quando não se tem acesso ao material original de um autor X, e ao ler um autor Y, que fala do X, o cita. O sobrenome do autor que não se tem a obra em mão, (ano dessa obra apud sobrenome do autor, ano da obra lida, página).


O exemplo a seguir é uma citação de citação direta e longa. Isso porque se leu o autor Küsten, que em sua obra citou Viola e Leis, devido a não ter o acesso à obra de Viola e Leis, cita-o através de Küsten.


  • Exemplo:

    Para Ricklefs (1996, p. 1) a “Ecologia é a ciência através da qual estudamos como os organismos (animais, plantas e microorganismos) interagem dentro do e no mundo natural”. Enquanto que para Burnie (2001, p. 8) “Ecologia é o estudo científico da vida em seu ambiente natural [...] fornecendo informações sobre como a destruição afeta os seres vivos e ajuda a descobrir como isso pode ser corrigido”.


Outra abreviatura bastante utilizada é et al ou et alli, que deve ser utilizado ao citar obras com mais de três autores. O significado de et al é “e outros”.